A cerca era toda em arame farpado.
Várias carreiras listravam a visão.
Mesmo assim dois cãezinhos esguios
por ela entravam,
atraídos pelo cheiro
da comida no fogão.
E na hora em que família reunia-se
na varanda pra almoçar,
sempre pra eles sobrava,
Um pouco de tudo, pra festejar.
Hora o osso, de uma pobre galinha,
um pouco de angu de fubá,
água da poça, quando chovia,
mas se a barriga tava cheirinha
pra que reclamar.
Um dia uns homens vieram,
derrubaram da roça, a cerca
E os cãezinhos espiavam
Com carinha de surpresa.
Agora seria mais fácil...
Nada de arame pra espetar.
Mas aí... chegaram tijolos
E mais homens, e mais pás.
Uma imensa parede crescia
Pra roça novamente cercar
Pobres cãezinhos agora
Se olhavam ,
Famintos a pensar
Melhor procurar outra cerca
Por que comida
É pra comer
E não, só pra cheirar.
Lú Vilela
Repostei para mostrar agora a FAMÍLIA CARRAPICHO