Há uma árvore
fazendo renda
de sombra
No chão.
Há um menino
E uma esperança
no alto-atalho da árvore,
uma visão,
seu pequeno mundo
ampliado agora
perto do céu
a imensidão.
Quem dera um pássaro
emprestasse suas asas
voaria o menino
feito um falcão.
Por sobre as casas,
a linha do trem,
o rio, as matas,
por todo o Sertão,
Um vento mais forte
acordou o menino
do sonho sereno
brusco empurrão.
Voou curtinho, desequilibrado
de asas quebradas
sentimento humilhado
de volta à renda, da sombra da árvore
no chão.
Lourdinha Vilela
Imagem - Brasilândia MG
Continuando com o tema, trouxe um poema que gosto muito, do blog - "Fala comigo doce como a chuva". da minha amiga Nádia Dantas. O blog é excelente e trás sempre obras de grandes autores.
PALAVRAS
Manoel de Barros.
Palavra dentro da qual estou há milhares de anos é árvore.
Pedra também.
Eu tenho precedências para pedra.
Pássaros também.
Não posso ver nenhuma dessas palavras que eu não leve um susto.
Andarilho também.
Não posso ver a palavra andarilho
que eu não tenha vontade de dormir debaixo
de uma árvore,
que eu não tenha vontade de olhar com espanto, de novo, aquele
homem do saco, a passar como um um rei de andrajos
nos arruados da minha aldeia.
E tem mais. as andorinhas pelo que eu sei,
consideram os andarilhos como árvore.
Não é lindo esse poema?